12-01-2024
Todas as transformações sociais a que temos assistido nos últimos anos têm contribuído para a mudança das prioridades das pessoas, impulsionando as organizações a desenvolverem reajustes na sua cultura, nos modelos de trabalho, nos seus processos e até na gestão “core” dos seus negócios.
Por Isabel Borges, Country manager da Multitempo by Job&Talent
No entanto, ao nível da gestão de Recursos Humanos, duas das maiores “dores de cabeça” dos gestores são a retenção e o recrutamento.
Portugal é, atualmente, o quarto país do mundo com maior escassez de talento. A luta para cativá-lo é urgente e para serem atrativas e de “confiança”, cabe às organizações a construção de várias estratégias:
As novas gerações, que assumem um papel preponderante nas mudanças organizacionais, demonstram ser mais desafiantes de cativar, ambicionam ter oportunidades e desafios globais, mas também maior flexibilidade e poder de decisão na forma como e onde realizam o seu trabalho. Trata-se de uma geração que exige organizações conscientes, que vê a diversidade, inclusão e sustentabilidade como temas incontornáveis na vida de uma organização, a par da saúde financeira e da atratividade salarial e pacote de benefícios. São fatores que contribuem para o sentimento de pertença e identificação com os valores da organização.
Estes desafios organizacionais estão também relacionados com o desenvolvimento tecnológico e, em particular, com a Inteligência Artificial (IA), que têm vindo, nos últimos anos, a exercer uma profunda transformação digital, rompendo com a realidade como a conhecíamos.
Face a este contexto de mudança transformacional nas organizações, um dos principais “segredos” está em aliar a inovação e a tecnologia às pessoas. A cultura deve-se centrar no bem-estar, na comunicação, na motivação e na flexibilidade, permitindo que as pessoas confiem na organização e na sua gestão. Como se consegue ser, de facto, autêntico se não for este o caminho?
A IA deve ser vista como um vasto mundo de possibilidades, sendo importante perceber como a podemos usar para sermos mais produtivos. As organizações têm, inclusive, o papel de mostrar que a evolução digital é uma oportunidade e não uma ameaça, sem nunca esquecer que o segredo para o progresso passará sempre pela humanização das relações, sendo para isso essencial a aposta nos processos e meios de comunicação interna.
Destacar ainda que, mesmo numa era exponencialmente digital, continua a evidenciar-se a procura por competências “mais humanas” como resiliência, adaptabilidade e trabalho em equipa.
Todos estes desafios requerem uma coordenação estratégica conjunta entre a gestão de topo e os departamentos de Recursos Humanos, sendo que na operacionalização, as chefias intermédias – a quem por vezes não é dado o devido “valor” – têm um papel central na “materialização” da estratégia.
Acredito ainda que só é possível ter organizações mais humanas, se igualmente existirem líderes mais empáticos, que se preocupam intrinsecamente com os seus colaboradores e comunicam de modo transparente com as equipas.
Muito em particular, desde 2020 assistimos à abertura para uma nova realidade organizacional. Encarando a mudança como o “estado” normal das sociedades e das organizações, em 2024 é inevitável uma certa “fusão” entre a tecnologia e a humanização. As organizações que a conseguirem gerir com “conta, peso e medida”, estarão mais bem preparadas para o futuro, que é já hoje.
*Texto escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 em vigor desde 2009.